Conversando com o Copiloto

Por 21 de fevereiro de 2024Artigos, Filosofia, Negócios, Notícias

A Microsoft anunciou no “SuperBowl” que tinha uma novidade revolucionária: O “Copilot“, uma IA que promete ser nosso braço direito e esquerdo, as pontas de nossos lápis e canetas, a nossa aquarela digital. Uma promessa McLuhiana da extensão do nosso corpo, mente e vida para uma máquina. Copiloto: nós sendo mais que nós mesmos. Livres para fazer nossa imaginação se materializar no digital. Então, eu fui tentar ser livre e trago o relato aqui para você. 

O Copilot está disponível no Skype. Aquele App que ainda chamava Software quando lançou, porque a gente conseguia falar palavras mais longas e com mais letras. E foi por lá que eu conversei com ele. Meu objetivo: saber o que ele tinha a dizer sobre os riscos e benefícios da IA para a sociedade. A ideia era escrever uma coluna para cada questão trazida pelo meu libertador. Leia como foi! 

Minha primeira pergunta foi “quero debater com você sobre a importância e os riscos da IA para a sociedade”. A resposta, que veio depois do que pareceu ser um texto padrão de tutorial, me intrigou, pois se assemelhou ao que eu veria em uma prova de ensino médio, com exceção da gracinha no final: “A IA é uma área muito promissora e desafiadora, que pode trazer benefícios para diversas áreas da sociedade, como saúde, educação, segurança e meio ambiente. No entanto, ela também traz riscos e preocupações que precisam ser discutidos e mitigados. ️”. 

Falou sem falar. Encerou dali, esfregou daqui e não saímos do lugar. Mandou um “é bom e ruim, tem que ver isso aí” seguido de uma tentativa de flerte ou fofurice. Mas não me libertou. Perdi tempo com essa interação. Minha réplica foi, então: “quais os riscos e preocupações que precisam ser discutidos e mitigados?”. 

A resposta agora fugiu completamente do tema. Mas eu aprendi com ela quais são os riscos que uma empresa deve discutir e mitigar, tais como riscos operacionais e financeiros. Revigorante. Mas continuei perdendo tempo. Eu quero saber das IAs, que talvez precisem também de memória. 

Insistindo mais uma vez, consegui uma parte do que queria. O Copilot chegou de verdade e me deu 6 temas para debater. Falta de transparência; Racismo; Privacidade; Dilemas Éticos; riscos de segurança [pública] e Concentração de poder. Citou a Forbes, o Guia do Estudante, o Olhar Digital e a Hardtec. Mas não foi capaz de argumentar sobre nada. Apenas me apresentou o que poderia ser a resposta a uma pergunta de prova de ensino médio, novamente, mas com fontes e uma estrutura mais robusta. 

A minha expectativa, de debater com a IA como se fôssemos pessoas conversando em uma mesa se frustrou. Mas teremos assunto para mais seis textos, nos quais terei que recorrer na mesma medida à minha própria inteligência, combalida e traumatizada velha de guerra. Não perca, então, a série “Conversando com o Copiloto”, aqui no Blog do Espaço Ética.