Como lidar com as incertezas? Uma questão ética para o trabalho e a vida pessoal.

Por 27 de novembro de 2023Artigos, Compliance, Filosofia

Para Agostinho o tempo é aquilo que todo mundo sabe o que é, mas que ninguém consegue explicar. A sensação do tempo é elástica tal qual a intensidade da nossa relação com o mundo em determinado momento. Quando estamos felizes, navegamos mais rápido pelo tempo. Já quando estamos tristes, o mar da temporalidade se torna um pântano que nos agarra, fazendo com que os momentos pareçam nunca terminar.

É por isso que existe uma diferença entre o tempo em si, que não sabemos sequer se existe, e, se existir, não sabemos porque caminha na direção que caminha e atemporalidade, que é a nossa experiência subjetiva do tempo, que eu descrevi nesse parágrafo.

A incerteza é um tipo de fenômeno que envolve todas as questões da temporalidade: é algo que pode estar no futuro e no passado, mas que nos afeta no presente. Uma incerteza do futuro é bastante comum que saibamos identificar: teremos emprego ano que vem? Aquele investimento vai dar certo? Teremos clientes para comprar os nossos produtos e serviços? Já a incerteza do passado refere-se a acontecimentos já transcorridos cujos resultados ainda desconhecemos. De certa forma, ainda é uma incerteza em relação ao futuro, pois há aqui dois tempos: o do mundo e odo nosso saber sobre o mundo. Enquanto não soubermos o que aconteceu no passado, a incerteza depende do nosso próprio futuro para ser dirimida.

Nós gostamos muito de acreditar que temos certezas sobre as coisas. Ter certeza nos promove conforto e segurança. O que está garantido não nos incomoda, mesmo que seja algo desfavorável a nós. Ter algum nível de garantir segurança a respeito das coisas e do mundo ajuda a nos prepararmos e diminui aquilo que é imponderável. Por isso, diminui a angústia e, consequentemente, o estresse.

Entre as coisas sobre as quais temos incertezas há aquelas que podemos controlar e aquelas que não podemos controlar. A recomendação filosófica é simples: em primeiro lugar, entender que nada é certo e garantido, tudo isso não passa de uma crença, que, é verdade, nos tranquiliza. Em segundo lugar, buscar substituir a certeza pelo empenho. Para tudo aquilo que depende de nós, tranquilizarmo-nos por termos nos empenhado o máximo que pudemos. Para aquilo que não depende de nós, tranquilizarmo-nos porque qualquer desfecho que ocorra, estará fora de nosso alcance alterá-lo, logo, não há motivo para nos desgastarmos emocionalmente com essas coisas.

Esse é um dos mais clássicos ensinamentos da filosofia, que ajuda a viver comum pouco mais de Felicidade e a passar melhor o nosso escasso tempo de existência. Exercite-se na atividade de tranquilizar se, todas as áreas da sua vida ficarão melhores.