O estudo da filosofia é sempre marcado pela presença de nomes marcantes. Filósofos que fazem parte do imaginário popular mas que passam batidos nos estudos mais profundos. Portanto, hoje iremos falar sobre a pedra fundamental do pensamento ocidental, considerado o pai da filosofia, o sábio grego Sócrates.
Precisamos nos atentar ao fato de que ele é uma figura extremamente obscura. Com uma produção intelectual baseada na oralidade, muito do que se sabe sobre Sócrates é graças ao relato de terceiros. Os principais registros sobre ele, foram feitos por seus alunos Platão e Xenofonte, e em peças teatrais do dramaturgo Aristófanes.
Filho de Sofronisco, um escultor, e Fainarete, uma parteira, Sócrates nasceu em em Alopece, Ática. Cresceu tentando auxiliar seu pai no ofício com o trabalho manual, mas nunca conseguiu exercer o trabalho de forma adequada. Após entrar em contato com os sacerdotes e sacerdotisas do Oráculo de Delfos, teve o destino definido como um grande educador. Porém, apenas com o incentivo materno ele começou a praticar a sua vocação.
Segundo algumas narrativas, um dia Sócrates foi ajudar Fainarete a realizar um parto. Nesse momento ele teve o seguinte pensamento: “Minha mãe não irá criar o bebê, apenas ajudá-lo-á a nascer e tentará diminuir a dor do parto.” A partir disso ele concluiu que também era um parteiro, pois seu trabalho era ajudar a dar luz ao conhecimento que já está presente dentro de cada um. Então, Sócrates resolveu seguir o caminho como educador, aprendendo e sendo discípulo de Anaxágoras e Arquelau.
Com a inspiração de sua mãe, Sócrates desenvolveu o método socrático, que era dividido em duas partes:
– Maiêutica: era baseada em perguntas, onde o filósofo questionava continuamente sobre a essência dos objetos debatidos, perguntando geralmente “o que era” determinada coisa.
– Ironia: é a resposta que não serve como definição, e sim como a demonstração de que o conhecimento que o interlocutor julgava ter, estava incorreto.
O trabalho era feito na base do diálogo, com o intuito de levar os ouvintes e alunos a terem noção de sua própria ignorância. A intenção era de que as mentes das pessoas não ficassem estagnadas e ultrapassadas. O método socrático foi pioneiro na iniciativa de discutir a essência dos elementos do mundo de maneira filosófica, que ia de encontro com o relativismo dos pensadores sofistas de sua época.
Como já mencionado, Sócrates compartilhava seu trabalho intelectual de maneira oral, dialogando com os habitantes da cidade de Atenas. Isso fez com que ele despertasse o interesse de jovens e o desagrado de pessoas mais velhas, políticos e aristocratas. O que acabou gerando muita perseguição política e acusações que tiveram como consequência, a sua morte.
Acusado pelo poeta Meleto e o político Anitos de não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude, Sócrates precisou ser julgado por um júri de diversos habitantes de Atenas. Esse acontecimento foi relatado no diálogo de Platão “Apologia de Sócrates” e em “Defesa de Sócrates”, de Xenofonte. O filósofo foi condenado pela maioria dos votos e teve que escolher entre a pena de morte, exílio ou pagamento de multa. Sócrates se recusou a aceitar o exílio e a multa, pois acreditava que eram alternativas que aceitavam uma culpa que não era dele. Então, em 399 a.C., o filósofo recebeu um cálice com cicuta, um tipo de veneno. Ele mesmo bebeu o líquido e, após poucos minutos, morreu, deixando um legado enorme de pensamento, reflexão e inspiração.
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