Uma das principais correntes filosóficas do século XX, e que ganhou muito destaque nesse período, foi o existencialismo.
Associada a pensadores como Jean-Paul Sartre, Søren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche e Albert Camus, sua ideia central é baseada na lógica de que a existência precede a essência. Ou seja, o ser humano existe e define sua essência através de suas escolhas e ações. Seu viés filosófico enfatiza e valoriza a liberdade individual, a responsabilidade pessoal e a busca por significado em um mundo que nem sempre aparenta ter algum tipo de propósito.
Apesar de pensar as questões da condição humana, o existencialismo consegue oferecer reflexões interessantes e valiosas para o mundo do trabalho. A autenticidade, liberdade, responsabilidade e enfrentamento da angústia existencial são muito relevantes para líderes, colaboradores, organizações e todos que buscam explorar os desafios do ambiente corporativo.
O primeiro ponto que precisamos entender é que o existencialismo não é uma escola de pensamento unificada, e sim, um conjunto de ideias compartilhadas e debatidas por diferentes filósofos. No entanto, alguns temas são centrais e permeiam todos esses debates. Um deles é a liberdade inerente à condição humana na hora de fazer escolhas.
A tomada de decisões sempre são acompanhadas de uma carga de responsabilidade, tanto na vida pessoal quanto profissional. Os líderes, por exemplo, são responsáveis pelas consequências de suas decisões, que podem impactar não apenas a organização, mas também a vida pessoal dos funcionários, clientes, e sociedade em geral. O existencialismo reforça o quanto as escolhas estão carregadas de significado e responsabilidade, e não podem ser tomadas de maneira leviana.
Levando isso em conta, é necessária muita autenticidade para saber escolher. Ser autêntico, no contexto existencialista, refere-se à vida vivida de acordo com os próprios valores e convicções, em vez de se conformar às expectativas impostas por outros. Esse elemento é um pilar crucial para uma liderança eficaz no ambiente corporativo. Líderes autênticos são aqueles que permanecem fiéis aos seus valores e convicções, mesmo diante de pressões externas para se conformarem ou se desviarem de seus princípios. No contexto empresarial, isso significa tomar decisões que reflitam os valores fundamentais da organização e do líder, em vez de ceder a soluções fáceis e contraditórias.
Ao unir esses dois aspectos (liberdade e autenticidade), podemos utilizar o existencialismo para encontrar sentidos na vida e seus elementos, mas que não são pré-estabelecidos. Cabe a cada indivíduo criar seu próprio sentido e atribuir valores a sua existência. Esta é uma tarefa ativa, onde a criação de significado surge através das escolhas e ações cotidianas. No mundo empresarial, o sentido e o propósito no trabalho não são automaticamente estabelecidos, eles precisam ser cultivados tanto pelos líderes quanto pelos colaboradores. Isso pode envolver iniciativas de responsabilidade social corporativa, programas de desenvolvimento pessoal e profissional, ou simplesmente a promoção de uma cultura que valorize a contribuição única de cada indivíduo.
Líderes que adotam uma abordagem existencialista incentivam sua equipe a encontrar significado em suas tarefas diárias, ajudando-os a ver como seu trabalho contribui para a missão maior da organização e para o bem-estar da sociedade. Isso não apenas aumenta a satisfação e o engajamento dos funcionários, mas também pode levar a uma maior inovação e produtividade, à medida que os trabalhadores se sentem mais conectados ao propósito de seu trabalho.
Em um mundo onde as mudanças são constantes e as pressões por resultados imediatos são intensas, o existencialismo nos lembra da importância de manter o foco no que realmente importa: viver e liderar com autenticidade, responsabilidade e propósito. Esses princípios não apenas fortalecem a liderança, mas também ajudam a construir organizações mais humanas e sustentáveis, capazes de enfrentar os desafios do presente e do futuro com sabedoria e integridade.
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